Vou passar a vida a programar e ficar todo frito?

Ainda...

Ainda relativo a este assunto acho que há uma questão que se pode colocar e que vem no seguimento do que já foi dito.

Em jeito de conclusão e resumo, questiono: não serão ao fim e ao cabo todos os ramos da informática de desgaste relativamente rápido?

Isto porque:

- programando, por exemplo, ninguém o fará a vida inteira. É limitativo, ainda que entusiasmante e absorvente, não permitirá ir muito mais além... Já para não falar que, qualquer empresa prefere ter nos quandros um recem licenciado ou alguem com 2 ou 3 anos de experiencia, com a pica toda, cheia de conhecimentos recentes, frescos, actualizados em linguangens, segundo as ultimas correntes, do que qualquer um de nós daqui a 10-15 anos. E o que faremos nessa altura?!?!?!

Acho que expus bem o problema e situação..vale a pena pensar.

Mais.. Há quem diga, e obviamente acontecerá a muitos, que passados alguns anos, em todas as areas da informatica se sobe para cargos de chefia, direcção, coordenação, gestão, seja o que for. Mas quantos cargos desses existem?!?! No máximo 1 para cada 10 ou 15 informáticos. Portanto, também por aqui nem todos nos safaremos.

É um facto que a informática funciona muito por self learning e por isso, e cada vez mais no futuro, qualquer jovem com 10, 12, 14 anos estará muito há frente em determinandos assuntos, mais actuais a essa data, que qualquer um de nós com largos anos de experiência. Já para não falar que é uma área que cada vez mais atrairá mta gente pelo simples facto de toda a gente começar a lidar com pc's cada vez mais cedo.

Sim a experiência conta, contará sempre e em todo o lado. Mas o talento..o talento nesta área virá cada vez mais cedo e quem cá está há mais tempo enferrujará mais cedo.

Por esse motivo, a informática é diferente de todas as outras "ciências técnicas" e áreas profissionais. A vida útil de qq um de nós será muito mais curta do que numa profissão dita "clássica". A certa altura qualquer "puto", com menos experiencia nos passará à frente, será mais barato. Seja em que área for.

Se isso ainda não acontece mais frequentemente é porque como já referi, ainda não há assim tantos séniores da área, como nós seremos daqui a 10, 20 ou 30 anos. Aí, com a nossa idade seremos postos de parte por qualquer um que nasça por estes dias. (Acho que nem preciso de falar do que nos acontecerá devido a alguns anos de tarefas repetitivas junto a um computador. Pesquisem Síndrome do Túnel Cárpico, por exemplo)

Isso preocupa-me e acho que deveria preocupar a todos neste fórum. Atentem ao que lhes digo, os bons são os que estão para vir. A cada dia, nós apenas estaremos um pouco mais velhos e poderemos muito bem sermos postos de parte, seja qual for a função que desempenhemos. Não digo só programação, mas qualquer outra...

Cumps. a todos.
 
(...) É limitativo, ainda que entusiasmante e absorvente, não permitirá ir muito mais além...
Na programação, o limite é a imaginação do programador.
Se o programador é um tipo cinzentão (daqueles que se limitam a implementar aquilo que outros concebem) de facto dou-te razão: ao fim de pouco tempo está arrumado.

(...) Já para não falar que, qualquer empresa prefere ter nos quandros um recem licenciado ou alguem com 2 ou 3 anos de experiencia, com a pica toda, cheia de conhecimentos recentes, frescos, actualizados em linguangens, segundo as ultimas correntes, do que qualquer um de nós daqui a 10-15 anos.
Prefere porque, apesar de inexperiente, é mais barato. E com mais ou menos carolos, há-de entrar nos eixos.

Mais.. Há quem diga, e obviamente acontecerá a muitos, que passados alguns anos, em todas as areas da informatica se sobe para cargos de chefia, direcção, coordenação, gestão, seja o que for. Mas quantos cargos desses existem?!?! No máximo 1 para cada 10 ou 15 informáticos.
Exactamente: para haver quem mande, tem de haver quem é mandado; e estes têm de ser em maior número (mais mal pagos, a trabalhar mais horas e com um trabalho cujo valor social é mais elevado mas socialmente mais desvalorizado) do que aqueles. C'est la vie.

Atentem ao que lhes digo, os bons são os que estão para vir.
ah! E tudo o que temos (e o que não temos e poderiamos ter...) não foi feito por gaj@s bons (e maus!)? Repara: os 'bons' do amanhã vão crescer e aprender a usar as tecnologias que os 'bons' de hoje estão a desenvolver sobre o que os 'bons' de ontem fizeram. Uma vez mais: C'est la vie. É por isso que a vida é fascinante para aqueles que procuram aprender sempre. Para os que se encostam, a vida passa a ser uma chatice pegada e cedo ficam arrumados.
 
Eu comecei como programador, e era o que realmente queria fazer na informática na altura. Isto, atenção, acabado de vir duma Engenharia Mecânica que deixei a meio :-D

Tirei um curso de 1 ano (curso técnico de nível III), fui à procura de emprego, que acabei por arranjar de forma relativamente rápida, e comecei a ser explorado :zzz:
Fiz consultoria, trabalhei numa seguradora pequena em que eu era 1/4 do departamento de informática e, portanto, tinha que fazer de tudo um pouco, voltei para a consultoria e depois passei para a banca, onde continuo. Desde técnico de hardware a analista programador já fiz de tudo um pouco e, mesmo fugindo um pouco à programação, o que é certo é acaba por fartar. Gostava mais do trabalho na seguradora, em que programava, administrava servidores (Windows e i-Series), montava e reparava PC's, fazia manutenção de redes e até da máquina das senhas da sala de espera :-D

Na verdade penso que tudo aquilo que se faça profissionalmente durante demasiado tempo e de forma persistente e repetida, cansa. Por isso, tudo o que faça agora é no sentido de, daqui a uns tempos, abrir a minha empresa e trabalhar por conta própria.
Se bem que, no estado em que está este país...
 
Realmente não é fácil programar 8h/dia, programo com gosto e mesmo assim por vezes torna se complicado ..
Quem não gostar disto, penso que deve se tornar tarefa mesmo muito frustrante .. se bem que isto depende muito das pessoas, existe pessoas que conseguem reconciliar as coisas, mesmo sendo difíceis conseguem levar as coisas sem "setress" ..
 
offtopic: Ainda me lembro á uns meses deste tópico ter sido começado, lolol

potopic: Eu acho que não faz mal nenhum uma pessoa gostar de programar e explorar os seus limites na programação, mas também acho que se não é necessário não se deve estar mais de 6h a programar.
 
Olá,

Vou deixar aqui o meu comentário em relação à questão inicialmente colocada, também para ajudar a desmistificar essas ideias todas que há sobre o trabalho em informática.

O meu background é o seguinte: 5 anos em LEIC@IST e mais 2 a trabalhar numa consultora com mais de 1500 pessoas (e é onde me encontro actualmente).

1º - A carga de trabalho no IST é muito, mas muito superior à carga de trabalho que tenho tido profissionalmente;
2º - Ficar uma vida toda a programar é mau sinal: é sinal que não tiveste hipótese de subir na carreira. Ou então é sinal que realmente gostas do que fazes, e aí este post não interessa;
3º - Na minha opinião, cada vez mais o desenvolvimento à medida vai desaparecendo e vai sendo substituido pelas grandes suites aplicacionais que não necessitam de conhecimentos de programação para serem implementadas (daqui posso enunciar os vários módulos de SAP, suites da HP, suites da Microsoft, etc etc).
4º - Neste sentido, podes ter um background de informática e não programar, mas ao mesmo tempo passas o dia em frente ao pc!
5º - Com o passar dos tempos, vão aparecendo hipóteses em cargos de gestão. E para isto, convém investir na formação nesta área, caso queiram ingressar nela.
6º - Se tiverem um bom ambiente no seio da equipa, com colegas porreiros, poderão combinar uns copos depois do trabalho, umas actividades de equipa...e vão ver que as coisas não irão parecer assim tão geekness.
ênci
Em suma: se não queres programar a vida toda, começa a delinear uma estratégia, investe na tua educação nesse sentido (workshops, conferências, pos-graduações) e demonstra, perante a tua chefia, essa vontade (porque muitas vezes o "chefe" não tem noção dessas coisas!).

Cumps,

Filipe
 
[QUOTE='Paos[CeRe4L];1º - A carga de trabalho no IST é muito, mas muito superior à carga de trabalho que tenho tido profissionalmente;[/QUOTE]
Tens sorte, nem sempre é assim.

3º - Na minha opinião, cada vez mais o desenvolvimento à medida vai desaparecendo e vai sendo substituido pelas grandes suites aplicacionais que não necessitam de conhecimentos de programação para serem implementadas (daqui posso enunciar os vários módulos de SAP, suites da HP, suites da Microsoft, etc etc).
O desenvolvimento de raiz sim, mas a criação de apliances à volta dessas suites é um bom negócio.
 
Por acaso era interessante ouvir as opiniões dos que, no passado, participaram neste tópico, ver se alguma coisa mudou.
Eu sei que entrei em Eng. Electrotécnica @ IST, e com uma cadeira de Programação por semestre já acabo o semestre todo torrado... Com montes de neurónios queimados, certamente...
Portanto não me consigo imaginar a frequentar um curso de Informática ou a trabalhar nisso em programação para toda a vida... Pelo que tenho lido, praticamente todos os Licenciados em Informática têm estado no desenvolvimento ou em consultadoria....

Cumps
 
Por acaso era interessante ouvir as opiniões dos que, no passado, participaram neste tópico, ver se alguma coisa mudou.
Eu sei que entrei em Eng. Electrotécnica @ IST, e com uma cadeira de Programação por semestre já acabo o semestre todo torrado... Com montes de neurónios queimados, certamente...
Portanto não me consigo imaginar a frequentar um curso de Informática ou a trabalhar nisso em programação para toda a vida... Pelo que tenho lido, praticamente todos os Licenciados em Informática têm estado no desenvolvimento ou em consultadoria....

Cumps

Alguém que vai para a engenharia informática suponho que queira fazer algo ligado à informática. Como ninguém começa por gestor, o programar é geralmente o começo da carreira. É natural, é preciso é ter paciência e vejo muito bom engenheiro a sair da faculdade com peneiras a não querer programar....

Não pensem que vão sair da faculdade a dirigir projectos, dificilmente vão estar a fazer apenas arquitectura de software, portanto preparem-se.

PS: Não sou engenheiro informático, mas de vez enquando passam-me uns pelas mãos.
 
Última edição:
Sou Eng Informático, tenho quase 15 anos de actividade profissional. Tenho um perfil mt técnico. Embora actualmente seja responsavel por equipas passo grande parte do tempo a desenvolver . A única coisa que frito são omoletes!
 
Alguém que vai para a engenharia informática suponho que queira fazer algo ligado à informática. Como ninguém começa por gestor, o programar é geralmente o começo da carreira. É natural, é preciso é ter paciência e vejo muito bom engenheiro a sair da faculdade com peneiras a não querer programar....

Não pensem que vão sair da faculdade a dirigir projectos, dificilmente vão estar a fazer apenas arquitectura de software, portanto preparem-se.

PS: Não sou engenheiro informático, mas de vez enquando passam-me uns pelas mãos.

É possível fazer Dissertações em áreas de gestão de projectos, qualidade (CMMI, etc), melhoramento de processos, até mesmo em ambiente empresarial, mas naturalmente concordo contigo. É preciso ter a noção que só com o tempo se atingem cargos mais elevados nas organizações. E estes cargos podem ser ou não mais ou menos técnicos.
 
Gerir projectos não se aprende nos livros, nestes somente está a parte técnica. A componente humana, e a simples experiência de vida só vêm com o tempo.

Não estou a dizer que "gestão de projectos" seja apenas e só gerir o projecto. Podemos estar a falar de planeamento, da utilização de normas como CMMI, TSP, etc. Para além disso, se a instituição proporcionar aos alunos alguma experiência real em gestão de projectos, a coisa pode ser "facilitada" nesse aspecto. Mas não deixo de concordar com o que disseste.
 
Paos[CeRe4L];6816894 disse:
2º - Ficar uma vida toda a programar é mau sinal: é sinal que não tiveste hipótese de subir na carreira. Ou então é sinal que realmente gostas do que fazes, e aí este post não interessa;

Nada a ver, mesmo. Gostar de programar e não querer seguir o caminho de gestão não implica não conseguir subir ou sequer ter perspectivas de carreira reduzidas, como pareces dar a entender. Numa consultora talvez, mas quem quer investir mais na programação provavelmente não é para aí que vai...

Quem quer seguir o caminho de programação o que tem a fazer é ir para uma empresa que lhe ofereça uma carreira que vá de encontro a isso. Em Portugal provavelmente não há muitas, mas lá fora é o que não falta. E provavelmente é este o motivo pelo qual por cá há relativamente poucas pessoas que o que querem mesmo fazer é programar, e não acabar por ir para as áreas de gestão de projectos/equipas é considerado o mesmo que "não subir na carreira"...

</desabafo>
 
Última edição:
Como já foi dito, ninguém começa a carreira na área de informática a gerir equipas ou projectos. Temos sempre de começar por baixo, que quase sempre é programação.
Isso ensina a conhecer formas de trabalhar que acho que a formação académica nunca conseguirá fornecer.

Depois a carreira já acho que depende de cada um e das oportunidades que a empresa forneça.
 
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