Certamente que se o pessoal com know how for embora, eles terão que contratar os serviços a empresas externas que o tenham, e terão que pagar peso de ouro por esses serviços a empresas ou consultores.
Enfim estratégias à parte, as operadoras de telecomunicações precisam de pessoas. Na parte operacional o processo é já todo automatizado as pessoas só são necessárias para a resolução de problemas. Eu sei bem o que é isso. Agora como em Portugal ou qualquer outra parte do mundo, as operadoras vão ter que ir buscar os recursos para resolver os seus problemas.
Não basta ir muito longe, basta ver casos na banca mundial, onde pessoal técnico foi dispensado e 2 ou 3 anos mais tarde os bancos foram contrata-los a peso de ouro ou pagaram pelos seus serviços a peso de ouro.
Agora em relação a essa prática eu já a vi ser feita na Industria energética à mais de 10 anos atrás e nos portos comerciais. Normalmente a empresa que recebe o trabalhador tem que manter o mesmo contracto. Claro que existe regalias que podem ser todas cortadas. Daí pessoalmente eu negociar só sobre aumento no ordenado base.
Normalmente na industria as pessoas são necessárias e também vi muitas empresas a fecharam e os mesmos trabalhadores mudam para outra empresa terceira nova e recebem uma indemnização que está na lei pela empresa fechar e os trabalhadores receberem algo como 5K-10K por isso ( vi em Portugal isto pelo menos 2x vezes ).
Já vi empresas de telecomunicações francesas e brasileiras nas mãos de know how de meia dúzia de pessoas, vi eles serem despedidos e 2 anos mais tarde tiveram que largar mais de 10K € por mês para ter o know how de volta. Mas isto são os casos de quem tem o know how.
De quem não tem o know how o final desta história é muitas vezes pouco risonho, especialmente se o mercado não precisar de mais mão de obra.
A realidade de muitas empresas em Portugal é que temos grandes empresas com muitos funcionários onde na realidade só era preciso X e bem pagos, no sector do estado passa-se o mesmo. O problema é que o mercado de trabalho está blindado para os "velhos" contractos e desprotegido nos "novos" contractos. Depois a necessidade das empresas viram-se para estes esquemas que não beneficiam ninguém, nem elas próprias. Mas mesmo assim estão dispostas a perder muita coisa por isso.
Quantas empresas em PT onde eu vi com 20 administrativos para 180 trabalhadores. O que vai acontecer depois é vermos a malta que mete a empresa funcionar em empresas externas com contratos novos sem proteção nenhuma, e os outros com contractos velhos que não produzem ou já nem tem know how. Depois quando querem cortar nos custos não consegue cortar onde é necessário e vão cortar nos recursos com know how ( parte externa ) e basicamente a qualidade dos serviços fica comprometida. Isso já deve acontecer em certa medida na MEO e agora querem ainda reestruturar ainda mais.
Enfim é um tema complexo que não acontece só aqui mas também em Espanha, um pouco em França e noutros países. Não quero também ferir sentimentos com este post. Já passei por despedimentos, restructurações, deslocalizações dentro das empresas onde trabalhei e também no seio familiar. Já tive pessoas a cargo 6 anos em situações difíceis sem prespectivas de trabalho. Mas no final de contas numa empresa moribunda o melhor que nos acontece é saltarmos fora e procurar um lugar onde nos possam dar valor pelo nosso trabalho.
As operadoras vão continuar a precisar de pessoal, resta saber a que preço com a consequência directa sobre a qualidade dos serviços e claro sobre os trabalhadores mais qualificados que ficam de fora porque o mercado não os quer. Aparentemente dizem que Portugal tem défice de trabalhadores nas áreas tecnológicas.