Vêem-se aqui muitos argumentos a favor e contra a Psystar sendo o mais interessante o facto de recorrerem a pseudo fundamentos de origem legal que claramente nenhum dos intervenientes parece possuir tendo em conta o conteúdo das suas afirmações. Antes que me caiam em cima, há que começar por diferenciar dois aspectos que parecem estar mesclados na cabeça de muita gente aqui: uma coisa é a forma como as coisas são outra é como gostaríamos que fosse.
Sim, são livres de achar que a Psystar ou outra qualquer empresa deveria ser livre de lançar produtos com o software da Apple e também são livres de achar que a Apple tem uma conduta de negócio questionável por impor o seu hardware a quem quer meramente usar apenas o software.
Ora, questões técnicas aparte, a Apple vende um produto completo que se chama Mac, o Mac é um produto unívoco constituído por hardware, software, imagem, design, enfim, tudo aquilo que está registado e patenteado pela Apple e que define o seu produto independentemente de qualquer questão técnica que permita dissecar este produto em vários subcomponentes.
Roubar parte deste produto para propósito comercial é ilegal e aqui não há discussão e é isso que a Psystar faz. Usa o OSX, parte integrante dos produtos Apple para construir o seu próprio produto. Se isto não é a definição de roubo, não sei o que será.
Ora, podem achar injusto que as coisas assim sejam, mas não há aqui qualquer dúvida. Penso que se estão claramente a deixar levar por lirismos e emoções.
Quanto à analogia errónea do combustível e automóveis, nem vale a pena explorar muito isto uma vez que deveria ser evidente. Um computador não necessita de consumo perpetuado de software para funcionar, o software não é uma commodity, é um produto acabado que é vendido com certas especificações. Mas enfim, não vale a pena discutir este ponto, penso que serão óbvias para quem quiser ver as coisas como elas são, as falácias inerentes a esta analogia.
Quanto à questão da plataforma, independentemente da natureza técnica permitir ou não a utilização de uma parte integrante do produto Apple noutro produto qualquer, pelos motivos que já expus acima, existe roubo. Em abstracto, as limitações técnicas não são relevantes nem consideradas, existe apenas um produto que é vendido com determinadas características que estão a ser roubadas. Naturalmente as empresas usam artifícios técnicos para se proteger contra o roubo e uma vez que as analogias são populares por aqui é o mesmo que o seguinte:
Se eu tiver uma mercearia e optar por não ter qualquer tipo de sistema de segurança e deixar as portas abertas, o eventual roubo não deixa de ser roubo por as portas estarem abertas. Não é por abrir as portas que de repente as regras mudaram.
Seja como for, existe alteração do software da Apple para utilização em hardware de terceiros. Como sabemos, a firmware dos cos computadores Apple, ainda que baseada na mesma tecnologia dos outros PC's, é específica para estas máquinas e existe modificação do Mac OS X para que este funcione em máquinas com firmware de máquinas não-Apple.
Mas fico-me por aqui, que este tipo de discussão parece-me estéril a partir de dada altura.